Powered By Blogger

sábado, 29 de maio de 2010

POESIAS

O Blog estava estagnado como água parada, portanto, para que não paire o mosquito da dengue, prometo a todos que tentarei remexer esse troço aqui, de quebra segue umas poesias de grandes autores, que gosto, senão vejamos:

À vida
É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo "Pedro Sem",

Uma alegria é feita dum tormento,

Um riso é sempre o eco dum lamento,

Sabe-se lá um beijo de onde vem!
A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...

Uma saudade morta em nós renasce

Que no mesmo momento é já perdida...
Amar-te a vida inteira eu não podia,
A gente esquece sempre o bom de um dia.

Que queres, meu Amor, se é isto a vida!
(Florbela Espanca)


O peso do mundo é o amor.
Sob o fardo da solidão,
sob o fardo da insatisfação
o peso
o peso que carregamos é o amor.

Quem poderia negá-lo?
Em sonhos nos toca o corpo,
em pensamentos constrói um milagre,
na imaginação aflige-se até tornar-se humano -
sai para fora do coração ardendo de pureza -
pois o fardo da vida é o amor,


mas nós carregamos o peso cansados
e assim temos que descansar nos braços do amor
finalmente temos que descansar nos braços do amor.

Nenhum descanso sem amor,
nenhum sono sem sonhos de amor –
quer esteja eu louco ou frio,
obcecado por anjos ou por máquinas,
o último desejo é o amor –

não pode ser amargo
não pode ser negado
não pode ser contigo quando negado:


o peso é demasiado - deve dar-se sem nada de volta
assim como o pensamento é dado na solidão
em toda a excelência do seu excesso.


Os corpos quentes brilham juntos na escuridão,
a mão se move para o centro da carne,
a pele treme na felicidade e a alma sobe feliz até o olho -
sim, sim, é isso que eu queria,
eu sempre quis,
eu sempre quis voltar ao corpo em que nasci.
(Allen Ginsberg)

Que fique muito mal explicado.
Não faço força para ser entendido.
Quem faz sentido é soldado.
(Mário Quintana)

Assim como uma bala
Enterrada no corpo,
Fazendo mais espesso
Um dos lados do morto;

Assim como uma bala
do chumbo mais pesado,
No músculo de um homem
Pesando-o mais de um lado

Qual bala que tivesse
um vivo mecanismo,
bala que possuísse
um coração ativo


igual ao de um relógio
submerso em algum corpo,
ao de um relógio vivo
e também revoltoso,

relógio que tivesse
o gume de uma faca
e toda a impiedade
de lâmina azulada;


assim como uma faca
que sem bolso ou bainha
se transformasse em parte
de vossa anatomia;


qual um faca íntima
ou faca de uso interno
habitando num corpo
como o próprio esqueleto

de um homem que o tivesse,
e sempre, doloroso,
de homem que se ferisse
contra seus próprios ossos
(...)
(João Cabral de Melo Neto para Vinícius de Moraes – Uma faca só lâmina ou serventia das idéias fixas)