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segunda-feira, 22 de novembro de 2010

PARQUE NACIONAL DA SERRA DA CANASTRA

CANASTRA

Sobre a serra
e sobre as nuvens
e sobre os pássaros
ao lado do rio e pedras,
margem de ventos. E assim,
alguns ecos, uivos assoviam

de algum lugar adiante fala
a flor, desenhada sede de céu,
os mistérios da alcatéia, feita de carne.

José Aloise Bahia, Belo Horizonte, MG, Outubro de 2010.

O Texto que agora escrevo é sobre o Parque Nacional da Serra da Canastra, que fica próximo à minha querida cidade natal de Bambuí, que também pertence ao Circuito da Serra da Canastra, juntamente com São Roque de Minas, Araxá, Campos Altos, Ibiá, Medeiros, Perdizes, Sacramento, Tapira, Tapiraí e São João Batista do Glória

Primeiramente vale destacar que escrevo sobre este tema por dica de meu primo José Aloise Bahia, que também me prestigiou com seu poema que também ilustra acima o presente post.

Durante anos a região esteve isolada e desconhecida do resto do mundo sendo visitada e conhecida apenas pelos habitantes da região do centro oeste ou do sudoeste de Minas Gerais, mas há poucos anos entrou para roteiros de viagem como lugar privilegiado que é para prática de esportes radicais, por suas belezas naturais e turismo ecológico.



Antes de adentrarmos no tema vale destacar quanto ao Chapadão da Zagaia, que é onde nasce o “Velho Chico” surgindo como um filete e cerca de 20 km após, suas águas são engrossadas por águas de outras nascentes que também despencam do Chapadão formando a cachoeira do “Casca Dantas”, num salto de quase 200 metros de altura, vale destacar também que encontrei artigos mencionando serem 100 metros, numa beleza extasiante, visitada, em 1819, pelo naturalista francês, Auguste de Sain-Hilaire.

Na região do Chapadão da Zagaia meu grande amigo de infância Edmar Torres tem uma propriedade, que pertencia a seu falecido pai Guy Torres, sendo inclusive objeto de desapropriação de parte dela pelo INCRA para a formação do que hoje pertence ao Parque Nacional, onde minha turma sempre passava férias, nadando em suas cachoeiras, riachos e ainda passando por várias aventuras, que muitas vezes era sinônimo de muitas histórias e gargalhadas de toda a turma por muito tempo, infelizmente naquela época eu que comecei a trabalhar desde cedo não podia ter o “luxo” de ter férias (não existia lei trabalhista decente em minha cidade!), portanto não pude usufruir a companhia de meus grandes amigos e das grandes aventuras no travadas no Chapadão.

Existem várias histórias e estórias que contam acerca do nome da Região Zagaia, mas eu gosto da que foi atribuída sua autoria a Hidelbrando Araújo Pontes, um engenheiro, político, que foi prefeito de Uberaba nos idos de 1915, senão vejamos:

Conta a lenda que nas fraldas da Serra da Canastra existiu um rancho que se tornou conhecido pelos crimes bárbaros que lá ocorreram.



O Rancho do Zagaia, nome dado ao local porque o dono se apresentava sempre portando essa arma (segundo o dicionário da Internet - lança curta de arremesso), ficava no trajeto de quem ia ou vinha do Desemboque, dando pousada e descanso (no caso descanso eterno) aos viajantes carregados de mercadorias, gado ou dinheiro, que chegavam das andanças pelas estradas empoeiradas de Minas.

Àquele tempo do século XVIII, mais precisamente em 1777, quando a extração de ouro e pedras preciosas era difícil de controlar pelos “troços” da Coroa portuguesa (Lei do Quinto), devido à extensa área a cuidar, os roubos, assaltos e assassinatos eram freqüentes.

A casa do rancho era grande o suficiente para abrigar a família de bandidos que lá habitava e os andantes que procuravam comida e pouso. A quadrilha atuava à calada da noite, quando todos se deitavam.

Os malfeitores tinham sobre as camas, no alto do teto, grossas pranchas de madeira que encobriam e disfarçavam pesadas lajes de pedra, usadas como contrapeso, sustentadas engenhosamente por fortes cordas que iam dar a outro aposento, num sistema de roldanas que os bandidos controlavam no ato bárbaro de esmagar as suas pobres e indefesas vitimas enquanto dormiam.

Os bandidos matavam, espoliavam as vitimas e depois jogavam os cadáveres numa grande vala escondida na fazenda.

Portanto, essa é a história ou estória como queiram, que é contada, se realmente foi verdade não sabemos ao certo.

Voltando ao tema do Parque da Serra da Canastra:

A região ecoturística da Serra da Canastra tem mais de 200 mil hectares ou 715 Km2 e abrange 6 municípios: São Roque de Minas, Vargem Bonita, Sacramento, Delfinópolis, São João Batista do Glória e Capitólio.

A maior atração é o Parque Nacional da Serra da Canastra, criado em 1972 para proteger as nascentes do rio São Francisco e tem a portaria principal a 8 km de São roque de Minas. Dentro do Parque Nacional estão alguns dos mais belos cartões postais do Brasil, que é a cachoeira Casca D'Anta, de quase 200 metros, a primeira grande queda do "velho Chico", além da cachoeira do Rolinho, Garagem de Pedras e Serra da Babilônia, sendo essas as mais procuradas.

A região é o berço de muitos rios que ajudam a formar as bacias do São Francisco e do Paraná. Rios de uma infância ruidosa, cheia de corredeiras e cachoeiras.

A paisagem se alterna entre campos rupestres cheios de delicadas flores como por exemplo canela-de-ema, fruta-de-lobo, pequi e pau-de-colher, sua vegetação é típica de transição entre o Cerrado e a Mata Atlântica com matas de galerias com exuberante vegetação atlântica. É nesse ambiente que vivem protegidas espécies de animais ameaçados de extinção, como o tamanduá-bandeira, o lobo-guará, o tatu-canastra, o tucano Açu, a ema, o canário da terra, dentre outros, mas não é uma fauna muito diversificada.



O relevo do Parque é caracterizado por dois chapadões: o da Serra da Canastra e o da Zagaia, tendo ainda um perfil plano. As encostas dos chapadões consistem em descidas íngremes e precipícios.

O clima da região é subtropical com temperaturas médias anuais de 17°C no inverno e 23°C no verão. Um bom período para visitar o parque vai de abril a outubro, quando chove menos e as águas das cachoeiras ficam mais cristalinas. Novembro e dezembro são meses de bastante chuva. O mês mais frio é julho e os mais quentes são janeiro e fevereiro. A época ideal para visitação é de abril a outubro.

A vida rural mantém as velhas tradições da cultura da região, como a arquitetura do século 19, os muros de pedra sem cimento, o queijo canastra, muito famoso e mundialmente conhecido e os carros de boi.

Tudo forma um conjunto de rara beleza ainda preservado.

Vale destacar que existem várias instruções a serem seguidas, quais sejam:

1) Para sua segurança, a entrada e o consumo de bebidas alcoólicas não são permitidos;
2) A entrada e o uso de equipamentos coletivos de som não são permitidos, por perturbarem a fauna e visitantes;
3) No Parque, só é permitido trafegar nas estradas abertas à visitação. A velocidade máxima é 40 km/hora;
4) Em sua visita ao Parque não colete nada, principalmente plantas, animais e rochas;
5) Para sua segurança a prática de esportes radicais como: rapel, canyoning, tirolesa, pêndulo, escalada e outros não são permitidos no Parque;
6) É permitido fazer churrasco somente na parte baixa do Parque-Portaria Casca D’anta;
7) Em sua visita ao Parque retorne com o lixo para as Portarias, por gentileza;
8) A entrada de animais domésticos no Parque não é permitida;
9) Em Unidades de Conservação não é permitida a entrada de visitantes portando armas, materiais ou instrumentos destinados a corte, caça e pesca;
10) Para sua segurança é aconselhável o uso de sapato fechado, antiderrapante e confortável. (Em caso de qualquer irregularidade, será aplicada multa prevista em Lei).

O Parque é aberto à visitação todos os dias, de 8:00 às 18:00 hs e é cobrado um valor pequeno para entrar no parque. O parque conta com Centro de Visitantes e alojamento para pequenos grupos e pesquisadores. Delfinópolis e São Roque de Minas possuem infra-estrutura simples com pequenos hotéis, pousadas, campings e restaurantes.

Portanto, meus amigos vale a pena conhecer a região e claro prestigiar o Circuito da Serra da Canastra com suas belezas exuberantes

Para saber mais, vale consultar:
1 . O RIO SÃO FRANCISCO - Fator precípuo da existência do Brasil - Geraldo Rocha - Companhia Editora Nacional 3ª edição - 1993.
2 . Solo a Água no Polígono das Secas - José Guimarães Duque - Mossoró - Fundação Guimarães Duque - RGN - 1980.
3 . S.O.S São Francisco - Associação - Salvador - Bahia (CEEIVASF).
4 . Associação P’RA BARCA ANDAR - Montes Claros - Minas Gerais.
5 . Transposição das Águas do São Francisco e Tocantins, para o Semi-árido Nordestino - (Avaliação Preliminar) - Ministério das Minas e Energia - Brasília - 1993.
6 . Oficina do São Francisco - Movimento Produção e Cultura - Recife - PE - 1991.
7 . Rio São Francisco: um depoimento - Mansueto de Lavor - Câmara dos Deputados - Brasília - 1983.
8 . TIERRA NUESTRA - Revista Latino Americana Al Servício, de Las Organizaciones Populares, número 3 - El Rio São Francisco: uma vena que se seca em el Brasil - Leo Gabriel.
9 . Rio São Francisco e Irrigação - Marcos Freire - Câmara Federal - Brasília - 1972.
10 . São Francisco - O rio da unidade - CODEVASF - Brasília, 1978.
11 . Agrônomo afirma que Transposição de águas não é alta prioridade - Jorge Coelho - Diário de Pernambuco - Novembro - 29 - 1983.

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