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quinta-feira, 16 de setembro de 2010

MAQUIAVÉLICO - termo pejorativo ou atualidade?

Novamente sinto necessidade de adentrar no tema da política, ou seria melhor utilizar a palavra arriscar-me?

Na ocasião tentarei rabiscar algumas idéias e estudos acerca da obra e do pensamento político de Maquiavel (Nicolau Maquiavel -1469-1527), ou como se pronuncia: Niccolò Machiavelli.

Pois bem, ele foi um dos mais originais pensadores do período considerando renascimento, uma figura brilhante, mas, também trágica, pois, o seu nome era e ainda é sinônimo de crueldade, não havendo pensador mais odiado, nem mais incompreendido do que Maquiavel. A fonte deste engano é o seu mais influente e lido tratado sobre o governo, “O Príncipe”, um pequeno livro que tentou criar um método de conquista e manutenção do poder político.

Sem adentrarmos nos mérito quanto ao conteúdo erigido de suas páginas, que se amoldavam às necessidades da época em que fora escrita a obra, valendo destacar que o pensamento de Maquiavel tem uma importância ímpar nos estudos políticos de forma histórica.

Fato é que ele estabeleceu uma nítida separação entre a política e a ética, bem como deixou de lado a antiga concepção de política herdada da Grécia antiga, que visava compreender a política como ela deveria ser.

Maquiavel preferia estudar os fatos como eles são na realidade.

Nesse sentido, sua obra teórica constitui uma reviravolta da perspectiva clássica da filosofia política grega, pois o filósofo partiu “das condições nas quais se vive e não das condições segundo as quais se deveria viver”. Sua teoria desmascarou as pretensões morais e religiosas em matéria de política. Mas ele (ao contrário do que equivocadamente se difunde) não pretendia criar um manual da tirania perfeita e é importante frisar isso.

Maquiavel procurava promover uma ordem política inteiramente nova, em que os mais hábeis utilizassem a religião para governar, isto é, para arrancar o homem à sua maldade natural e torná-lo bom.

A novidade na referida obra foi a separação da política da ética. Aristóteles tinha resumido esta posição quando definiu a política como uma mera extensão da ética. A tradição ocidental, via a política em termos claros de: certo e errado, justo e injusto, correto e incorreto, e assim por diante. Por isso, os termos morais usados para avaliar as ações humanas eram os termos empregados para avaliar as ações políticas.

Maquiavel foi o primeiro a discutir a política e os fenômenos sociais nos seus próprios termos sem recorrer à ética ou à jurisprudência. De fato pode-se considerar Maquiavel como o primeiro pensador ocidental de relevo a aplicar o método científico de Aristóteles à política.

Portanto, ele observou os fenômenos políticos e leu tudo o que tinha sido escrito sobre o assunto, e, diante disso, descreveu os sistemas políticos nos seus próprios termos.

Para Maquiavel, a política era uma única coisa: conquistar e manter o poder ou a autoridade (isso me parece bem atual em nossa política interna e contemporânea). A única coisa que, verdadeiramente, interessa para a conquista era a manutenção do poder manter é ser calculista; o político bem sucedido sabe o que fazer ou o que dizer em cada situação e, desse tipo nosso país é fértil.

Vale destacar que Maquiavel acreditava que a situação italiana naquela época era desesperada e que o estado Florentino estava em perigo. Em vez de responder ao problema de um ponto de vista ético, Maquiavel preocupou-se genuinamente em curar o estado para o tornar mais forte. Por exemplo, ao falar sobre os povos revoltados, Maquiavel não apresenta um argumento ético, mas cirúrgico: “os povos revoltados devem ser amputados antes que infectem o estado inteiro.”

Sua obra expressa claramente o pensamento da época, mas pelo que temos passado, é livro de cabeceira de muitos políticos ainda hoje, que tentam seguir ou deturpar suas idéias ao “pé da letra”.

Suas obras, com o passar do tempo foram consideradas em vários países como expressão de cinismo político, advindo daí o sentido pejorativo de termos como “maquiavélico” ou “maquiavelismo”.

Maquiavel tem por ponto central a forma de controle, que pode ser fácil ou problemática.

No referido livro pode-se concluir que os príncipes não deveriam tentar reunir todas as qualidades consideradas boas, mas se concentrar em absorver aquelas que lhe garantam a manutenção do Estado (bolsa família, por exemplo). Mas a questão a qual o autor mais se atém é que o príncipe deve evitar de todas as maneiras adquirir duas delas: o ódio e o desprezo de seus súditos (leia-se IBOPE).


Mapa de Florença Tupiniquim

Dentre as qualidades apontadas em suas idéias estão a generosidade, que deve se balanceada pela parcimônia, a economia. O príncipe deve ser generoso, mas não muito, pois, pode adquirir má fama entre aqueles que não forem beneficiados por esta generosidade, além de atentar para o detalhe de que geralmente, quando alguém ganha, outros perdem, e isso pode gerar o ódio ao príncipe, o que deve ser evitado a qualquer custo. Tão antagônicas quanto as características apontadas acima estão a crueldade e a piedade. Aliás, as considerações a este respeito tornaram boa parte da fama de Maquiavel, com suas afirmações em relação a ser temido ou amado.

Ele ainda afirma que, na impossibilidade de reunir ambas características, ou de ter que renunciar a um deles, é melhor ser temido, pois trair a alguém a quem se teme é bem mais difícil do que a quem se ama. No entanto, ao passo que não se conquista o amor, deve-se evitar o ódio, respeitando os bens e as mulheres dos súditos. Quanto à palavra do príncipe, afirma, ainda, que este deve procurar mantê-la, mas, quando isto não for possível, deve usar artifícios para “...confundir a mente dos homens...” pois estes, “...No final, superaram os que sempre agiram com lealdade”, como é hodiernamente atual a obra desse pensador político!!!

Certo é que quando estudei a referida obra na faculdade percebi liames que pudesse comparar com a atual política praticada, bem como, ao mesmo tempo tentava dissecar de forma puramente científica a essência crucial da importante obra para a humanidade e acredito que o que mais pude compreender é que devemos saber o que e aonde pode chegar a busca constante de Poder e como, diante disso, podemos separar o "joio do trigo" na hora da colheita (eleição). 
Para finalizar, também segundo Maquiavel, o “...príncipe prudente não pode, nem deve, manter a palavra dada, quando lhe for prejudicial”(Meu Deus já vi esse filme antes!!!).

Portanto, meus amigos, vivemos num principado maquiavélico numa "Florença Tupiniquim" em pleno século XXI e pelo jeito que ainda se projetará por longos e tenebrosos anos...





2 comentários:

  1. Meu nobre causídico, seu estudo sobre o tema e sua comparação ficou muito bem projetada, porém acho também que quanto a esta política ditatorial poderíamos fazer uma comparação com o festejado Montesquieu, alías, acho que não seria uma comparação propriamente dita, mas uma exclusão de sua obra, pois, já não existe a separação dos três poderes, após a edição de "O Mensalão", tendo em vista que esta caiu por terra. Só nos resta seguir o velho ditado:"No fim tudo acaba dando certo, se não deu certo é porque não chegou ao fim."
    Abraços,
    Paulo Daniel

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  2. Bem lembrando meu nobre e douto amigo causídico, realmente foi por terra toda a tese defendida por Montesquieu. Parafraseando sua frase acredito que no fim só nos resta apagar as luzes!!! Abração e valeu pelo comentário meu amigo.

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